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Imagem de uma mão segurando três frutos maduros, com plantas verdes ao fundo. A cena simboliza um estudo que identifica oportunidades para negócios socioambientais, destacando a conexão entre práticas sustentáveis e a valorização de recursos naturais na criação de novas oportunidades de mercado.

Estudo mapeia oportunidades para negócios socioambientais

Mudanças climáticas, desmatamento e degradação das florestas, ocupação territorial desordenada e insuficiência de saneamento básico são hoje os principais desafios socioambientais que o Brasil enfrenta. Na mesma proporção, são inúmeras as oportunidades para empreender e investir em negócios que tenham impacto positivo. Para mapear iniciativas em sete setores-chave para a agenda ambiental brasileira, a plataforma de inovação multisetorial Climate Ventures e o think tank Pipe.Labo se debruçaram sobre o tema. 

Feito em parceria com a Aliança pelos Investimentos e Negócios de Impacto e com o apoio do Instituto de Cidadania Empresarial (ICE), Instituto Clima e Sociedade (iCS), Instituto Humanize, Cargill e Fundo Vale, o estudo “A onda verde: oportunidades para empreender e investir com impacto ambiental positivo no Brasil” sintetiza 29 bons exemplos em sete segmentos: agropecuária; florestas e uso do solo; indústria; logística e mobilidade; energia e biocombustíveis; gestão de resíduos; e água e saneamento básico.

“De dois anos para cá, teve uma explosão da pauta ESG (sigla em inglês para aspectos ambiental, social e de governança) porque as lideranças das empresas estão entendendo que isso afeta diretamente a performance do negócio”, explica Daniel Contrucci, cofundador da Climate Ventures. “Mas precisa diferenciar ESG de impacto real”, continua. “Ambas as pautas precisam ser apoiadas e se desenvolver, mas nossa ideia é impulsionar negócios que já nascem com esse DNA de resolver e trazer impactos socioambientais positivos”.

O especialista lembra que surgiram novos fundos para fomentar essa economia, como o programa de aceleração da Plataforma Parceiros pela Amazônia (PPA), Althelia Biodiversity Fund Brazil e Amazon Fund, mas todos reclamam da falta de pipeline. “Eles querem opção de investimento em negócios de impacto ambiental e não tem oferta, no Brasil e na América Latina”, alerta.

Ou seja, estamos perdendo também dinheiro – e muito -, apesar de sermos o país com maior potencial no mundo para negócios da bioeconomia, segundo Contrucci. “É hora de despertar para que o Brasil venha focado em uma economia socioambiental nos próximos 20 anos. O setor privado está aí e vai direcionar onde quer colocar seu capital.”

Contrucci remete a um movimento que começou com o Acordo de Paris, há pouco mais de cinco anos, que deu o pontapé inicial para a migração de investimentos da economia tradicional para negócios com soluções sustentáveis – carbono zero, proteínas alternativas à carne bovina e uso de energias renováveis.

Ao mapear os desafios ambientais, o estudo Onda Verde joga luz sobre dezenas de oportunidades, tanto para empreendedores quanto para grandes empresas, investidores e governos, de se alinharem e lucrarem com essa agenda. Os 29 negócios levantados exemplificam dores a resolver e soluções inovadoras, como exemplificadas nesta reportagem.

Depois do estudo, a intenção é lançar um programa de impulsionamento para negócios que já existem, mas estão no “vale da morte”, de acordo com o especialista. “São empresas e marcas que, apesar de terem grande potencial, não conseguem acessar os fundos de investimentos ou o mercado consumidor.”

Resíduos domésticos

Práticas ecológicas já faziam parte do cotidiano de Ana Paula Silva e Claudio Spinola, casal fundador da Morada da Floresta, case de gestão de resíduos apontado pelo estudo que criou sistemas de compostagem residencial e empresarial no próprio local, evitando transporte e desperdício. 

Quando se conheceram, ele já fazia compostagem e coleta de água de chuva, enquanto ela era adepta do coletor menstrual. Veio a primeira filha e o casal optou por não usar fraldas descartáveis. Foi então que decidiram compartilhar com a sociedade as soluções ecológicas que eles mesmos praticavam. 

A Morada da Floresta possui marcas próprias para compostagem doméstica (composteira Humi), menstruação sustentável (Ecoabs) e produtos para a primeira infância (Bebês Ecológicos). 

“No caso da compostagem doméstica, começamos com o minhocário em caixas adaptadas e, em 2014, fizemos um projeto grande com a prefeitura de São Paulo, que deu muita visibilidade para o tema no Brasil”, conta Spinola. “Foi quando juntei a minha formação em artes plásticas com a prática da compostagem”, aponta. 

A composteira Humi foi lançada em 2017 e ganhou medalha de prata no Brazil Design Award, principal prêmio de design do País. 

Paralelamente às linhas de produtos domésticos, eles também trabalham o B2B, desenvolvendo projetos de compostagem e educação ambiental para empresas, escolas, condomínios, indústrias e em parceria com prefeituras. 

“Todas as nossas marcas têm foco na redução de resíduos”, complementa Ana Paula, citando a parceria com a culinarista e apresentadora Bela Gil, com quem desenvolveram a fralda ecológica reutilizável. “Calculamos que, desde a fundação da Morada da Floresta, em 2009, até a conclusão de 2020, as vendas de fraldas ecológicas contribuíram para reduzir mais de 10,5 milhões de fraldas descartáveis que iriam para os aterros sanitários”, ela afirma.

Como ter certificação sustentável

Apoiar pequenas e médias empresas alinhadas com a pauta ESG sempre foi o propósito da Openbox.ai, fintech de antecipação de recebíveis que oferece taxas menores a pequenos negócios com práticas sustentáveis. “Não existia nenhum projeto nesse sentido, então nós mesmos desenhamos para criar a aderência da turma”, explica o CEO Maurício Rodrigues.

Além de lançar o portal PME Sustentável, que serve de balizador do mercado, a empresa passou a oferecer a Certificação de Índice de Ações Sustentáveis (IAS) em parceria com a Ecocert. “Dependendo do nível atingido, um cálculo vai diminuindo a taxa de antecipação de crédito, podendo chegar até 1,9%”, diz o CEO. 

Gratuita e online, a ferramenta avalia os negócios por meio de um questionário que usa 48 critérios para mensurar o nível de desenvolvimento sustentável dentro de cinco grandes grupos: ambiental, social, proteção ao consumidor, solidariedade econômica e comprometimento da empresa. 

A certificação pode ser obtida também por negócios que não usam o crédito Openbox e ajuda na qualificação na hora de conseguir crédito ou vender serviços. “O impacto disso é exponencial porque as grandes empresas podem apresentar a solução aos fornecedores e ter uma cadeia cada vez mais certificada. A sociedade ganha como um todo.”

29 EMPRESAS QUE SÃO EXEMPLO:

1. Agrotools;

2. Biofílica;

3. Boomera;

4. Café Apuí;

5. Conexus;

6. Eco Araguaia;

7. Eco Panplas;

8. EW;

9. Genecoin;

10. Green Mining;

11. Inocas;

12. Maneje bem;

13. Milênio Bus;

14. Mirova;

15. Molécoola;

16. Morada da floresta;

17. Mov;

18. Na’kau;

19. Pedivela;

20. PPA;

21. Print Green 3D;

22. Rizoma;

23. Safe Drinking Water for All;

24. Seringô;

25. Sun Mobi;

26. Sunew;

27. Wast2go;

28. Wier;

29. Yak.

Fonte: Estadão.

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