NOTÍCIAS

Imagem das mãos de um senhor colhendo frutos maduros em uma plantação. A imagem reflete o esforço de startups que, durante a pandemia, adotaram práticas sustentáveis e migraram para grandes plataformas de e-commerce e campanhas de marketing para manter seus negócios e alcançar novos clientes.

Startups ‘verdes’ crescem por conta dos novos canais de vendas

Startups que produzem e comercializam produtos feitos de forma sustentável com matérias-primas da floresta amazônica estão conseguindo manter os negócios na pandemia, mas tiveram de buscar novos canais de venda, em especial as grandes plataformas de e-commerce, e investir em campanhas de marketing.

O segmento também tem atraído novos consumidores que viram na compra de produtos uma forma de ajudar no desenvolvimento econômico da região amazônica sem ter de derrubar a floresta. A eclosão recente do “consumo mais consciente” surgiu após a repercussão das queimadas na Amazônia e da tragédia provocada em Manaus (AM) pela covid-19.

De 12 startups acompanhadas pela recém-criada AMAZ Aceleradora de Impacto, coordenada pelo Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam), cinco aumentaram o faturamento na pandemia, quatro ficaram estagnadas e três registraram queda. Desse grupo, cinco ampliaram o quadro de funcionários e oito lançaram novos produtos.

O faturamento conjunto do grupo cresceu 5%, para R$ 1,664 milhão nos três meses encerrados em fevereiro na comparação com os três meses anteriores, período em que o grupo começou a participar das vendas virtuais. Entre as empresas que tiveram desempenho melhor a partir do fim de 2020, o crescimento variou de 36% a 88%.

A AMAZ é uma evolução da Plataforma Parceiros pela Amazônia (PPA), criada para fomentar novos modelos de desenvolvimento sustentável na Amazônia. Os produtos desenvolvidos pelas startups utilizam produtos e serviços das comunidades de ribeirinhos, indígenas, quilombolas e agricultores familiares da região, sempre com manejo que mantém a floresta ou recupera áreas desmatadas.

Negociação coletiva

Após registrarem drástica queda nos negócios nos primeiros meses da pandemia, as empresas receberam assessoria e apoio financeiro do Idesam e da Climate Ventures sobre como atuar no e-commerce, seja com canal próprio de venda online ou por meio de grandes plataformas.

Também houve negociação coletiva com operadores logísticos para transportar os produtos e com centros logísticos em São Paulo para estocar e distribuir as compras online, principalmente para cidades do Sudeste e do Sul. Outra iniciativa foi uma campanha de marketing iniciada em setembro, com o mote “Amazônia em casa, floresta em pé”.

Mariano Cenamo, engenheiro florestal e coordenador da AMAZ, afirma que, diante da sensibilização em relação à Amazônia, foi identificado que muitas pessoas queriam ajudar. A ideia da campanha, que mobilizou artistas e influenciadores digitais como Bela Gil, era conectar os consumidores com os produtos da Amazônia.

“Muitas pessoas não se dispõem a entender como funciona o movimento de filantropia ou fazer doações, mas consumir todo mundo sabe; e poder utilizar seu poder de compra para ajudar é uma ação muito simples”, diz Cenamo. Ele acredita que quando o consumidor vê a possibilidade de adquirir um produto gostoso, bonito, de qualidade e ainda fazer o bem para a Amazônia, a tendência é de bons resultados e de o movimento crescer. Resultados preliminares do primeiro trimestre do ano mostram que os negócios seguem em alta.

Joanna Martins, sócia da Manioca, empresa de Belém (PA) que desenvolve e comercializa produtos da gastronomia típica do Pará, concorda que muitas pessoas passaram a se interessar pelos produtos da região porque entenderam que para manter a floresta em pé é preciso gerar o desenvolvimento econômico da região. “Através da compra, a pessoa está gerando emprego, renda e ajudando o meio ambiente”, diz ela.

Outro grupo de 12 startups, das quais três são acompanhadas pelo Idesam, se uniu e colocou seus produtos no Mercado Livre, maior plataforma de vendas on-line da América Latina. Embora já tivesse uma divisão para produtos sustentáveis, com mais de 5 mil empreendedores, a empresa criou um banner específico para as mercadorias da Amazônia.

Segundo Laura Motta, gerente de sustentabilidade do Mercado Livre, os produtos vendidos pelas startups – chocolates, café, artesanatos e alimentos diversos – beneficiam indiretamente cerca de 60 comunidades. “Desde maio de 2020 já foram vendidos mais de 6,5 mil itens”, diz.

Mais itens da bioeconomia

As empresas utilizam o centro de distribuição do Mercado Livre, que armazena e entrega os produtos, assim como oferece capacitação para que atuem com vendas digitais. A plataforma também aplica 30% de desconto no valor da comissão cobrada pelas vendas das startups da Amazônia.

“Apoiar esses empreendimentos na comercialização e na logística é apoiar um novo modelo de desenvolvimento da região, a geração de renda pelas comunidades, a conservação florestal; também ajuda a viabilizar esses modos de vida e as cadeias produtivas sustentáveis”, afirma Laura.

Na sexta-feira, 30, o Mercado Livre fará nova convocatória para outros negócios que queiram participar de um programa de capacitação para acelerar vendas de empreendimentos da biodiversidade. A ideia é ampliar a oferta de produtos da bioeconomia da Amazônia e incluir itens do Cerrado e da Mata Atlântica na categoria de sustentáveis.

Fonte: Portal Terra.

Compartilhe:

Veja também

A imagem mostra o Porto de Pecém, com um navio carregado atracado e outras embarcações se aproximando do porto. A cena destaca o recorde de toneladas de carga movimentadas.
Porto de Pecém bate recorde de toneladas de carga circulada
Como um dos setores mais estáveis no país, o setor portuário ganhou mais estabilidade e continua crescendo....
VER NOTÍCIA COMPLETA
A imagem ilustra trabalhadores equipados organizando carregamento para transporte.
Problemas logísticos influenciam na reputação de empresas
Os imprevistos logísticos podem gerar diversos prejuízos para uma empresa, colocando, muitas vezes, sua...
VER NOTÍCIA COMPLETA
Imagem aérea de um porto com diversos navios e contêineres. Sobre a imagem, há sobreposições de linhas interligadas que formam um desenho de rede, simbolizando o conceito de Transporte Logístico 4.0. Essa representação destaca como a integração tecnológica e a digitalização são fatores essenciais para o crescimento e a eficiência no setor de logística.
Transporte cresce 38% em 2021 e logística 4.0 é considerada fator de crescimento
No primeiro quadrimestre de 2021, o transporte de carga no Brasil teve um aumento de 38% em relação ao...
VER NOTÍCIA COMPLETA